Metade Verdadeira

Como que do nada, uma nova ideia de “negócio”, de cunho um tanto revolucionário, aliás, é estrondosamente lançada no mercado. Por esta proposta, qualquer pessoa pode aplicar uma pequena quantia, de forma muito prática, de preferência totalmente virtual, com expectativa de ganhos exponenciais.

Em princípio, a tal atividade não é regulamentada, mas também não é proibida. À primeira vista, pelo menos, não parece ser algo ilegal. E no princípio, parece que funciona, porque mais e mais pessoas vão aderindo, e o tal processo vai ganhando peso, vai se valorizando a cada dia. O começo de uma pirâmide financeira, de qualquer pretexto (e olha houve todo tipo de esquema no último século), é sempre promissor.

Metade Duvidosa

O problema é que, para continuar virando e enchendo o bolso de alguns felizardos, o esquema precisa de uma quantidade cada vez maior de entrantes, de novos pagantes. A comparação com a figura geométrica da pirâmide se encaixa como uma luva: para que o topo da pirâmide continue recebendo/tirando dinheiro, mais e mais gente tem que estar na base pagando/colocando grana. Quando a pirâmide desacelera (e, mais hora, menos hora, isso inevitavelmente acontece!), ela simplesmente desmorona: quem levou, levou. Já quem não…

Os poucos que levaram muito não têm do que reclamar, ao contrário dos muitos que sempre acabam perdendo, pelo menos um pouco… e às vezes até muito! Um esquema de pirâmide jamais produz riqueza, apenas a transfere de um monte de gente ingênua, afoita e ligeiramente gananciosa, para um pequeno punhado de gaiatos muito gananciosos!

Pura Verdade

Nada que faça sucesso neste mundo obtém notoriedade por mero acaso. Como diria minha avó: ‘”açúcar chama formiga porque é docinho, meu filho”! O dito se aplica quando analisamos o “estrondoso” sucesso de uma pirâmide financeira. Logo em seus primeiros tempos a pirâmide paga retornos incrivelmente elevados para quem entra e sai rapidamente.

Os propagandistas de um esquema de pirâmide financeira sempre destacam, ainda que de forma vaga, pouco esclarecedora, a atividade empresarial que dá “fundamento” ao esquema. Alegam tratar-se de negócio muito promissor, atividade de brilhante futuro, e que sustentaria com solidez o inacreditável retorno prometido (pela pirâmide) por vários anos.

Passando pela análise minimamente criteriosa de quem entende um pouco de negócios, vê-se que é algo frágil, que jamais poderia render nada nem perto do retorno que se “garante”. Pirâmide financeira não é oportunidade de negócio, é crime! No Brasil, esses esquemas são, sim, proibidos por lei há várias décadas.

A Lei 1.521, de 26 de dezembro de 1951, que trata dos crimes contra a economia popular, dispõe em seu art. 2º, inciso IX, que constitui crime contra a economia popular, punível com seis meses a dois anos de detenção, “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, … e quaisquer outros equivalentes)”. Isso lhe parece bom para seu dinheiro?

Bons investimentos existem, sim, mas ganhos exuberantes e rápidos demais escondem esquemas!

CONHECIMENTOS LOCALIZADOS
INSTRUMENTAIS DE CAPACITAÇÃO

Clic 1

Muitos defensores das aplicações em criptomoedas, por exemplo, argumentam que elas estão baseadas em uma tecnologia de autenticação avançadíssima, chamada blockchain. Na verdade, pouca gente sabe explicar de forma minimamente acessível ao entendimento de gente leiga em TI o que é blockchain, mas vamos dizer que seja realmente um recurso tecnológico que permite dispensar instituições governamentais para auferir credibilidade a diversos tipos de contratos, possibilitando a troca virtual segura, rápido e prática de itens de valor intrínseco (é o que eles alegam).

Mas… doce de goiaba não é goiaba, é outra coisa até bem diferente da fruta original! O fato de as que as criptomoedas (a mais famosa delas sendo o bitcoin) estejam baseadas na tecnologia blockchain, não faz delas automaticamente algo que deva receber sua atenção, nem muito menos seu dinheiro.

Conforme a posição oficial do Banco Central do Brasil, por exemplo, a autoridade monetária nacional que emite, regula e garante a moeda real vigente no país, as criptomoedas são de emissão independente, não lastreadas em qualquer ativo real, e não têm qualquer garantia legal de conversibilidade. Não são proibidas… nem tão pouco permitidas. Não há qualquer autoridade que zele por elas. Quem apostar seus cobres nas criptocoins, portanto… o fará por sua própria conta e risco! Tem grana e estômago para isso?

Clic 2

O megainvestidor Warren Buffet deixará várias lições para a história dos investimentos pessoais no mundo. Uma delas, talvez a mais fundamental, porque delimita “de cara” o que está valendo eo que não, na hora de querer multiplicar seus ganhos de aplicações: “não invista em nada que você não entenda”. A recomendação parece muito óbvia, mas meras obviedades não viriam de um megainvestidor tão experiente, e particularmente sábio.

O que Mr. Buffet propõe, em verdade, é que, antes de alocar seu dinheiro em algum ativo, é necessário entender qual a natureza de agregação de valor do ativo, a essência multiplicadora deste ativo, o que este ativo adiciona de valoroso à vida de quem no mundo. Porque é isso, e só isso, no limite, que explica sua dinâmica de geração multiplicadora de valor, e que lhe dá sustentação a longo prazo.

Advogados das criptomoedas afirmam que elas farão sucumbir as atuais moedas fiduciárias nacionais, substituindo a (segundo eles, débil) confiança que se pode depositar nas instituições monetárias governamentais, pela (segundo eles, inabalável) confiabilidade da tecnologia blockchain que (ainda segundo eles) está no fundamento das criptomoedas. Pode até ser, mas quem garante que serão estas criptomoedas que estão aí hoje, que ocuparão este posto de sucessores evoluídos do atual modelo monetário mundial, e não outras, possivelmente lançadas pelas próprias instituições financeiras, governamentais ou privadas? Isto faz toda a diferença, porque se assim for, o que é negociado hoje com tanta euforia e (expectativa de) valorização… do dia para a noite se transformará em pó, junto com o dinheiro todo aplicado neste ativo!

Clic 3

Pirâmides são sempre (re)vendidas com o forte argumento psicológico de que “quem não entrar agora vai se arrepender amargamente”. O que a história comprova é que, arrepende-se, sim (e amargamente!), que não sabe resistir à insistência daqueles que precisam de “cúmplices” para justificar a insegura decisão que tomaram de aplicar seu dinheiro honesto, fruto do trabalho suado, em algo que não entendiam.

Seduzidos pela promessa de ganhos rápidos e abundantes, que atiçaram sua ganância latente, e contaminados pela falta de perseverança para ganhar bem, sim, mas com o passar do tempo em aplicações verdadeiramente sólidas, muitos entraram nessa, e agora precisam de “comparsas”. Lembre-se: nesta guerra psicológica para arrancar o dinheiro do seu bolso, seu pior inimigo não é o amigo provocador, mas você mesmo!

 

EMPODERAMENTO FINANCEIRO é… quando você olha uma CRIPTOMOEDA qualquer com crescente expectativa de valorização, e diz para o seu CUNHADO, ou melhor, para sua SOGRA: “Olha, parece bom, hein?! Investe aí… que deve dar muito dinheiro”. E sai de fininho para não gargalhar na frente deles!

Prof. Marcos Silvestre

Comentários

  1. Orenildo disse:

    Bom dia eu tiro parte meu salário não é muita coisa mais gostaria saber onde eu aplico para rende mais sei risco de eu perde dinhero.

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