Metade Verdadeira

Quando observamos o preço de um determinado bem de valor mais elevado, digamos, de milhares de reais (ai, que paulada!), imaginamos como seria bom poder adquiri-lo de maneira mais suave. Afinal de contas, o salário parece pouco potente diante de uma TV 4K top de 60″, que custa R$ 5 mil, ou frente àquela moto “ajeitada” que custa R$ 10 mil, ou ainda pior: o que é a pequenez do salário diante do carro novo, que custa R$ 40 mil no modelo popular completinho! Daí o parcelamento surge como a aparente solução natural para viabilizar a compra. Uma coisa é fato: pela sabedoria popular… se você deseja comer um boi inteiro… é melhor dividi-lo em bifes. Então dá-lhe, parcelamento!

Metade Duvidosa

Quem é que tem tanto dinheiro assim “sobrando” para comprar à vista? Só os ricos, oras! Pois é desse jeito que pensam os “pobres”, não os pobres de baixo poder aquisitivo, mas os “pobres” de mentalidade empobrecedora! Parece-lhes impossível comprar à vista. Parece-lhes muito sedutor poder parcelar a tal da TV de R$ 5 mil em 24 prestações sem entrada. Seu lema é: facilitando… tudo dá!

Para que desembolsar R$ 5 mil agora (valor que, na realidade, ninguém chegou a poupar para juntar!), se é possível pagar mensais de “apenas” R$ 311,00 sem entrada?! Pois este é o valor de prestação que resultará de um crediário com custo efetivo total de 3,49% ao mês. Essa é uma condição muito comum nas lojas brasileiras que trabalham com financeiras para “ajudar” sua clientela a “realizar” seus sonhos de compra e consumo.

Pura Verdade

Quem fizer a contas direitinho, na ponta do lápis, descobrirá que a tal TV acabará custando, no parcelamento do crediário com zero de entrada, nada menos que R$ 7.464,00. Cada centavo destes R$ 7,5 mil custará trabalho. Mas… a mesma TV poderia perfeitamente ter custado R$ 4,5 mil, com abatimento efetivo de R$ 500,00, se fosse paga à vista com desconto de 10%!

Na prática, a TV comprada com a “facilitação” do pagamento terá custado R$ 3,5 mil a mais (= R$ 7,5 mil da TV parcelada – R$ 4,5 mil da TV paga à vista). Isso dá quase para comprar outra TV igualzinha! Parece minimamente sábio levar uma TV, mas… pagar duas?! Pense no quanto tem de se sacrificar no trabalho: você concorda tacitamente em empobrecer desta forma… ou prefere “incluir-se fora dessa”?

Dívidas não são solução para “salário baixo”, pelo contrário: elas achatam seu poder de compra!

CONHECIMENTOS LOCALIZADOS
INSTRUMENTAIS DE CAPACITAÇÃO

Clic 1

Quando for fazer uma nova dívida, não interprete erroneamente a magnitude dos juros. Afinal, 3,49% parece uma taxa um tanto baixa se comparada aos juros de 8% do cheque especial, ou aos 15% da financeira (ou do agiota). Jamais devemos, porém, nos esquecer de que nas dívidas os juros caminham acumulando-se uns sobre os outros, engrossando mês a mês, crescendo cumulativamente pelo chamado princípio dos juros compostos. Assim, a taxa mensal aparentemente inofensiva de 3,49% acumula-se para estonteantes 51% em apenas 12 meses! 51%! Uma péssima ideia, não?!

Clic 2

De fato, não dá para tirar do salário do mês uma compra de milhares de reais: o jeito é mesmo parcelar! Mas não precisa (nem deve!) ser o parcelamento feito por meio de uma nova dívida, mas sim o parcelamento providenciado através de um bom plano de investimentos. Pense na prestação: se você teria dinheiro para pagá-la, terá também para aplicar a mesma quantia todos os meses, juntando, ganhando juros e comprando à vista e com desconto. No final das contas… pagando muito mais barato!

Os mesmos R$ 311,00 reais mensais, aplicados durante apenas 14 meses no Tesouro Direto, portanto 10 meses a menos que as parcelas da dívida, resultarão no suficiente para comprar a mesma TV, levando-a para casa totalmente quitada, em pouco mais de um ano. Nesta hipótese, o comprador economizaria quase outro ano inteirinho de mensais de R$ 311,00! Comportamento sábio e empoderador, não?!

Clic 3

Se não tiver mesmo toda a grana para comprar à vista, pense em dar a maior entrada possível, nunca o contrário, como zero de entrada. No caso da TV, ao comparecer com 50% logo na largada, você provavelmente conseguiria reduzir o preço do equipamento para algo em torno de R$ 4.750,00, ou seja, obtendo 5% de desconto sobre o valor total, equivalentes a 10% de desconto sobre a metade do bem pago à vista.

A compra seria então realizada com uma entrada de R$ 2.375,00, sendo os outros R$ 2.375,00 parcelados ao mesmo custo efetivo total de 3,49% ao mês, em 12 prestações de R$ 246,00. Com um valor de prestação razoavelmente mais baixo que na proposta anterior, a dívida seria paga na metade do prazo. Isso, sim, é empoderamento financeiro!

 

EMPODERAMENTO FINANCEIRO é… quando você olha para o CARNÊ e diz: “Se eu tenho isso para te pagar todo mês, amigão, eu tenho a mesma bagaça para poupar, aplicar, ganhar juros e comprar daqui a pouco à vista e com desconto”!

Prof. Marcos Silvestre

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