Armadilhas

Antes de concordar em aplicar num FIF pagando determinada taxa de administração, faça as contas na ponta do lápis. Imagine um FIF DI cuja rentabilidade se iguale à da Taxa Selic (situação muito comum no mercado). Imagine a Selic como sendo, digamos, de 10% ao ano. Imagine então a caderneta de poupança rendendo 7% no acumulado do mesmo ano. Uma comparação rápida apontaria para a caderneta pagando bem menos que o FIF, certo? Puro engano!

A rentabilidade da poupança, mesmo não sendo fantástica, é isenta de qualquer taxa, e até mesmo de IR. Já o fundo pagará ambos. Investindo em um horizonte superior a dois anos, a menor alíquota de IR será de 15%: dos R$ 10,00 ganhos a cada R$ 100,00 em um ano, R$ 1,50 seriam devidos por conta de IR. Até aí, a regra é praticamente a mesma para todas as aplicações conservadoras.

No entanto, com uma taxa de administração de 2% ao ano, incidente sobre todo o patrimônio, este cotista pagaria 2% * R$ 110,00 = R$ 2,20. Esta cobrança é quase 50% superior à cobrança do IR e, somando-se a ela, faz o fundo render somente R$ 6,30 = R$ 110,00 – R$ 100 (aplicados) – R$ 1,50 (IR) – R$ 2,20 (tx. adm.). Isto dá apenas 6,3% de rentabilidade ao ano, abaixo inclusive da própria caderneta!

Não é incomum a situação de que uma mesma administradora de fundos tenha duas opções de FIFs de uma mesma categoria, muito parecidos em termos de composição de carteira ou de política de gestão, e, portanto, com perspectivas similares de ganhos brutos, porém com taxas de administração bem distintas, o que afetará bastante a rentabilidade líquida de cada um, aquilo que no fundo é o que interessa a você, aplicador. É só a taxa de rentabilidade líquida que tem potencial para multiplicar o capital investido.

A restrição existente é que o fundo com taxa menor pede um aporte inicial maior. Se esse for o caso, tudo bem, nem tudo está perdido. O que você fará então é não aplicar logo de cara no fundo com taxa maior, acumulando o dinheiro na caderneta de poupança, mesmo. Quando já tiver o equivalente ao valor inicial de aporte do fundo com relação custo X benefício mais vantajosa, por causa da taxa razoável, então você fará a migração.

O canal Tesouro Direto foi criado para permitir a micro investidores realizarem aplicações mensais a partir de R$ 30,00, com muita praticidade e segurança. Os títulos públicos lá negociados, apesar de muitos seguros, oferecem frente às aplicações tradicionais uma surpreendente diferença positiva em termos de sua rentabilidade líquida real acumulada ao longo dos anos. A rentabilidade líquida real mensal fica entre 0,20% e 0,40%. Embora isso possa parecer pouco, a rentabilidade acumulada mostra a enorme vantagem multiplicadora deste “pequeno” diferencial mensal:

• EM 2 ANOS: 5% a 10%
• EM 5 ANOS: 13% a 27%
• EM 10 ANOS: 27% a 61%
• EM 20 ANOS: 49% a 161% (capital pode dobrar!)
• EM 30 ANOS: 105% a 221% (capital pode triplicar!)

Abrindo conta numa corretora de valores online, o que pode ser feito sem custo algum, seja para abrir, seja para manter, qualquer pequeno investidor poderá aplicar em ações pelo sistema home broker da BM&FBovespa. O investidor que estiver disposto a direcionar seu esforço poupador & investidor mensal regularmente para a compra direta de boas ações, durante vários meses e anos no longo prazo, simplesmente não tem como errar.

O mercado acionário tem uma racionalidade de longo prazo que tende a valorizar de forma diferenciada ativos financeiros de verdadeira qualidade intrínseca, aqueles que têm seu lastro na exploração de uma atividade econômica bem focada, bem administrada e operacionalmente lucrativa. Estes ativos podem cair acentuadamente de preço em determinados momentos mais especulativos do mercado, mas se tendem a ficar muito baratos com o passar do tempo, atraem a atenção de compradores internacionais em busca de boas ofertas. Daí seu preço se recompõe e se valoriza de forma diferenciada.

Mais uma vez, é a velha e boa lei da oferta e da demanda trabalhando a favor da estabilização e racionalização dos mercados de valores mobiliários ao longo do tempo. Na prática, as estatísticas de longo prazo das bolsas comprovam esta tese. Se você enxerga motivos para concordar com este raciocínio (e é fundamental que tenha sua própria opinião formada a respeito, porque o dinheiro é seu), então não resta dúvida de que as ações de boas empresas brasileiras são as aplicações financeiras mais indicadas para a valorização diferenciada de seus investimentos de longo (ou longuíssimo) prazo.